terça-feira, 30 de março de 2010

Cartas do campo, Março 2010

A Fantástica Ferramenta da Kinesiologia no Planejamento Agroecológico

Marsha Hanzi

A kinesiologia (ou quinesiologia) é uma técnica de acessar informações intuitivas com o uso do pêndulo (ou os dedos: Para ver uma demonstração, veja a página www.perelandra-ltd.com)

Existe uma parte nossa que é bem maior do que nosso corpo físico e que está interagindo energeticamente com tudo ao nosso redor (como também tudo ao nosso redor está reagindo energeticamente conosco). Com o pêndulo (ou os dedos, uma técnica mais simples ainda), podemos comunicar conscientemente com aquela parte nossa que é maior e inter-dimensional, fonte de informações do mundo sutil.

Esta capacidade se torna uma ferramenta fantástica no planejamento complexo de um sistema agroecológico, onde centenas de fatores estão em jogo.

Uso a kinesiologia há 15 anos, para determinar adubos, misturas de policulturas e a localização de construções. Mas este ano tenho feito um planejamento minucioso, campo por campo, que está-nos deixando de boca aberta, pela precisão, beleza e sabedoria que se revela. As vezes eu literalmente exclamo: “Que boa idéia! Eu não teria pensado nisso!”

Para mim, depois de anos de usar a técnica de kinesiologia e seis anos de convívio íntimo com esta terra, as respostas estão vindo com rapidez e clareza: eu focalizo na área a ser planejada (normalmente pequenas áreas de 300 -500 metros) e pergunto quais são as culturas a serem plantados neste espaço (normalmente de 4 – 8 espécies, às vezes mais em policulturas mais complexas). Depois pergunto quais os adubos necessários. Este ano estamos usando pó de granito, pó de Ipirá - uma pedra rica em boro – cinza, farinha de osso caseiro, esterco e compostos diversos. Nossos solos arenosos são extremamente pobres. Acredito que em cinco anos esta adubação vai-se tornar desnecessário.

Depois verifico as datas. Pergunto : “Março? ( não). Abril? (sim) Primeira semana de abril ? (Não) Segunda semana? (Sim) dia 7? (não) 8? ( sim)...etc.” É simples, metódico e muito demorado como forma de planejamento. Felizmente comecei final de dezembro, logo depois do solstício de verão.

Depois verifico as datas de manejo: capina seletiva, adubação líquida, etc. Coloco as datas no calendário. Até agora não deu nenhum conflito de atividades: estão –se espalhando de uma forma harmoniosa sobre os meses de plantio (março-agosto). Eu só estranhei de ter três dias agora em março em branco. Nestas datas apareceram subitamente onze estagiários inesperados! Assim pudemos implantar um sistema enorme para produção comercial, onde o freguês pode colher sua própria feira, um trabalho que ia levar muitos dias de trabalho, com a equipe normal.

Outra surpresa: no planejamento surgiu o primeiro plantio dia 19 de março (abóbora com feijão de corda ligeirinho). Este dia foi quente e seco, o chão totalmente desprovido de umidade. Como estas culturas são resistentes (e tínhamos bastante sementes de reposição, no caso de fracasso), plantamos mesmo assim. Aquela tarde, cheia de dúvidas sobre este planejamento, perguntei o porque desta aparente loucura de plantar num tempo tão seco. A única resposta foi que este campo fica ao lado do labirinto.

Aquele domingo, dia 21, festejamos o equinócio (onde queimamos o boneco do verão, simbolizando o começo da época de plantio). Tive a intuição de convidar os participantes a plantar sementes de milho (tradição aqui para ter o primeiro milho no São João) no campo de abóbora ao lado. Choveu em seguida!

Hoje, seis dias depois, continua chovendo ( em março do ano passo não choveu uma gota sequer!) E este primeiro campo está nascendo bonito e promissor!

Estou muito esperançosa que este planejamento resulte em colheitas fartas este ano. Ao longo das semanas vou postar os resultados (www.marsha.com.br) . Tenho a forte convicção interna que finalmente afinamos nosso estilo de trabalhar aqui em Marizá, o casamento do lado técnico e prático com o intuitivo e sagrado. Visamos um local belo, de paisagem complexa e de produção de alimentos de altíssima qualidade e sabor. E que este trabalho seja prazeroso e divertido!

Marsha Hanzi, norteamericana radicada no Brasil há mais de 30 anos, trabalha com agroecologia e permacultura desde sua chegada no Brasil. Foi sócia fundadora do Instituto de Permacultura da Bahia. Mora há 6 anos numa propriedade de 17 hectares numa região bela do Sertão baiano. Oferece estágios e dois cursos por ano (abril e agosto) nesta propriedade, carinhosamente chamada de “Epicentro”.

Fonte: www.marsha.com.br

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